domingo, 26 de outubro de 2008

Editorial... Editor e all

"Nepotismo", influências e desvalorização dos talentos locais

O Festival Internacional de Cinema acontece anualmente desde 1999, em Brasília, e este ano acontecerá de 29 de outubro a 9 de novembro. Não são divulgados os critérios de seleção para a exibição dos filmes no entanto filmes nacionais premiados internacionalmente que deveriam constar na programação do festival são esquecidos. "Dogui o Cão da globalização", é um exemplo, a animação idealizada por Julia Martins teve subsídio da Petrobras e conquistou prêmios ao redor de País e do mundo. Além disso Julia Martins é um talento de Brasília e do Brasil representou o cinema tupiniquim em festivais internacionais. Passou pela aprovação e apreciação de David Lynch na sua recente visita ao Brasil que prometeu divulgá-lo pelo mundo.

A necessidade de ter uma indicação, alguma influência para a participação neste tipo de eventos é quase sempre indispensável. A crítica não pertence apenas dos novos cineastas. Músicos, DJs, escritores, atrizes e atores também reclamam de produtores, editoras e gravadoras, com razão, colocando em cheque preferência por influência e não por qualidade. Claro que a credibilidade do festival não é nunca colocada em cheque, por motivos diversos. Apesar de dar preferência a alguns filmes nacionais, em relação a outras, o festival mantém sim um padrão de qualidade o que torna o mesmo blindado e criticado apenas pelos seus louros.

Todos os meios de promoção artística são criticáveis por esse “nepotismo” indicativo. O festival Porão do Rock perdeu sua credibilidade por falcatruas administrativas, mas desde sua criação mostrou esse falta de critério na seleção. Selecionou diversas bandas de qualidade duvidável inclusive para tocar repetidamente.

A cena da musica eletrônica a também tem seus queridinhos. DJs e produtores precursores da cena trance organizam no réveillon, o Universo Paralello, um grande festival de cultura e música eletrônica. O festival dura 7 dias e mistura mais de 10 mil pessoas de todo o mundo. A festa é um sucesso e é também, por muitos, considerada mágica. A produção e a qualidade dos projetos escolhidos são inquestionáveis. Entretanto o espaço para artistas locais é extremamente restrito. Boa parte dos projetos e DJs escolhidos, são selecionados pelo critério da reciprocidade, apesar da qualidade. Muitos desses DJs são também produtores de festivais ao redor do globo e garantem o seu espaço no Universo Parallelo convidando os projetos que fazem parte da organização do festival brasileiro. Uma interessante troca de favores, neste caso devido a qualidade incontestável dos projetos torna a contestação e discussão por mais espaço para promissores talentos locais esquecida.

Fato é sempre existira o QI (famoso quem indica) afinal de contas como falam por ai tudo na vida é questão de influência. Entretanto enquanto injustiças e o espaço do novos talentos continuar escasso a critica é construtiva. Produtores, prezem pela qualidade e valorizem o nossos talentos pois essa é uma excelente forma de promoção e crescimento da arte nacional. Não é questão de xenofobismo, é valorizar o produto nacional, pois os estrangeiros valorizam seus talentos, e se esse espaço não for aberto por aqui será dificilmente aberto em outro lugar do mundo.

4 comentários:

Thaís Salomão disse...

É impressionante como ainda vivemos sob forte ditadura. Afinal, nós nunca ditamos nada.
Dou como exemplo o famoso agenda-setting decorrente do jornalismo massificado e das mídias altamente influenciáveis.
Exemplificasse super bem a questão no campo cultural. Mas é sempre importante deixar claro que a ditadura do QI existe em todas as áreas e só reforça a idéia de que vivemos cada vez mais numa ditadura mascarada. infelizmente.

gostei dos teus textos =)

leila saads disse...

Uma triste realidade.
Essas peixadas deixam o talento tão para segundo plano... O jornalismo também é um grande exemplo disso.

Beijos!

... disse...

Putz, amei esse texto!!!!!
Todos nós, artistas e não-artistas, sabemos bem o que é o nepotismo. Meu grupo de teatro acabou de passar por dois exemplos claros desse mal. Mesmo tendo um trabalho de pesquisa interessante, com humor inteligente e aclamado pelo público,(Des)esperar ficou fora da mostra de teatro candango. Não havia QI, nem um nome de algum dinossauro teatral. Agora me pergunto, quando vão dar espaço para novo? Tive oportunidade de ver esse curta de animação. Achei Genial! Me assusta saber que o filme não está presente no festival. Com certeza, não é apenas a diretora e a equipe que perdem, mas sim todos nós, que deixamos de conhecemos algo novo, bom e principalmente brasiliense.
Talvez seja a hora de repensar e tentar criar as nossas mostras...
Enfim...Parabéns pelo texto!

beijo

Davi disse...

Texto muito bom. Só tenha mais cuidado com a pontuação e com a forma do texto.
Até mais!
XD